Este desabafo devia ter sido feito no início do ano, como que a preparar ou a planear um ano melhor e a queixar-me do ano que passava, mas ainda o ano não tinha terminado e eu já sentia que coisas boas iam chegar. O ano de 2014 não foi pêra doce, não foi. Comecei o ano já sem o projeto da Venda e com a cabeça cheia de esperança que alguém continuasse o que comecei e assim foi, mas os meses foram passando e eu com todo o tempo do mundo para a Mel, para a casa e para os novos projetos que aí vinham: uma escola nova de yoga, uma escola waldorf para a Mel. E eu? Perguntavam-me, o que vais tu querer fazer agora, qual o teu sonho? Eu já realizei o sonho. Parece estranho com 30 anos alguém já sentir-se realizado, mas recuperei a mercearia dos meus avós e isso era algo que eu queria muito. Tudo o que vier a seguir é bónus e vem embrulhado, eu não faço a mínima ideia do que mais me vai fazer feliz, porque oficialmente não quero ter de esperar por alguma coisa que me faça feliz. A verdade é que, agora não tenho muito mais ambições a não ser viver feliz e estar com a minha família o máximo de tempo que conseguir. Mas isto não parecia legítimo aos olhos dos outros, e acabava por, também eu, ficar com dúvidas e socialmente achar que teria de fazer qualquer coisa útil para além de ser mãe, gestora do lar e fazer yoga com o "marido". Comecei então por agarrar-me ao que gostava, fiz uma formação em magia menstrual, para puder conhecer melhor o meu corpo de mulher, entretanto surgiram outras formações como o yoga para grávidas que me deixou com muita vontade de partilhar com outras mulheres e de respirar junto com elas. Apesar de praticar yoga desde 2007, nunca coloquei a ideia de vir a ser instrutora de yoga, até porque sempre achei que o Gil o fazia muito bem. Eu vivencio muito o yoga na minha casa e na minha vida e confesso que não queria tirar um curso só porque sim, mas o yoga para grávidas fazia sentido no trabalho que iniciei com mulheres e comigo mesma. É claro que não o faço como forma de sustento, mas sim como forma de partilhar com outras mulheres a minha vivência. Também comecei por fazer os círculos de mulheres, que considero muito importantes nos dias de hoje onde cada vez convivemos de forma mais virtual, nos círculos somos, na verdade, espelhos umas das outras e isso, fez, de alguma forma, encarar com as minhas sombras e querer curá-las. Porque na minha sombra eu queria ser perfeita, ter sempre a casa arrumada, a roupa no lugar, o almoço feito a horas, a Mel na melhor escola e tempo para mim. Mas não sou, e em 2014, cheguei à conclusão que não o quero ser em 2015. Passei mais de metade do ano com a Mel em casa, o resto do ano ela foi para a escolinha e isso não me deixou tranquila, precisei de alguns meses para me habituar e confesso que, ainda hoje, faço um enorme esforço de compaixão, aceitação e todas essas palavras bonitas que agora por aí se dizem para a deixar lá todos os dias. Podia disfarçar com toda a serenidade que gosto daquilo e que acho que ela tem mesmo de conviver com outros meninos, mas lá no fundo, a minha essência diz: não, não é isto que tu queres. O ano estava prestes a terminar, íamos de férias e eu podia respirar outros ares. Voltei com a certeza de que ela não regressaria à escola e que iriamos fazer mais um esforço para que o projeto da escola waldorf fosse para a frente. Não o fiz, deixei de lado as minhas ideias e voltámos a levá-la à escola.
Em 2015 a espera para uma nova escola continua. Eu faço o exercício de não querer pensar muito mais na vida e em como vai ser, vou ficando atenta a ela, aos dias e aos sinais. Escrevi hoje no blog como desabafo, porque também já prometi muitas vezes voltar a escrever mais e também já dei por mim a querer desistir dele, mas quando olho para todas estas fotografias de 2014 e quando percebo que são poucas as bloggers que partilham coisas interessantes (porque a blogosfera se tornou num lugar onde tudo se vende e tudo se quer ter) eu assumo que prefiro ter um blog onde posso falar como pessoa e para pessoas que realmente interessam, mesmo que sejam tão poucas.
Eu acredito que 2015 vai ser melhor, independentemente daquilo que me trouxer.
Da aldeia
com amor
Belinda
Em 2015 a espera para uma nova escola continua. Eu faço o exercício de não querer pensar muito mais na vida e em como vai ser, vou ficando atenta a ela, aos dias e aos sinais. Escrevi hoje no blog como desabafo, porque também já prometi muitas vezes voltar a escrever mais e também já dei por mim a querer desistir dele, mas quando olho para todas estas fotografias de 2014 e quando percebo que são poucas as bloggers que partilham coisas interessantes (porque a blogosfera se tornou num lugar onde tudo se vende e tudo se quer ter) eu assumo que prefiro ter um blog onde posso falar como pessoa e para pessoas que realmente interessam, mesmo que sejam tão poucas.
Eu acredito que 2015 vai ser melhor, independentemente daquilo que me trouxer.
Da aldeia
com amor
Belinda