à porta da mercearia, esperamos que as pinturas acabem, que as portas cheguem, que os azulejos sejam aqueles.
mas não, as pinturas ainda não acabaram, as portas ainda não chegaram e os azulejos ainda não foram aqueles...
no pouco tempo que não estivemos aqui algumas coisas mudaram. a máquina fotográfica ficou boa (porque nunca esteve má, eu é que não estava boa), recebemos e visitámos amigos, voltámos a vestir a cama e o corpo de Inverno, a M. já consegue fugir de nós, já provámos as favas e as ervilhas porque a chuva deixou e nisto tudo continuo desejosa (ansiosa) que as obras terminem de vez e repito, de vez!
os acabamentos e a espera de que tudo chegue e fique no sítio parece não ter fim. mas este arrepio na barriga de estar a assistir a isto tudo é bom, é quase parecido com o de esperar um filho quando se está grávida.
é isso mesmo, eu sinto-me grávida deste sonho há tanto tempo, que parece que ele nunca mais vai dar à luz. meu deus isto custa-me bem mais a parir do que a minha própria filha.
parece que neste tempo todo fui posta à prova. quero ir para a frente do palco, para onde as luzes apontam, mas a minha coragem por vezes fraqueja. e digo isto porque quando voltamos costas à nossa profissão, à vida "estável" e "segura" que tivemos, estão todos a olhar para nós e a dizer: "e agora? não vais conseguir, não vais aguentar. tinhas um emprego, um bom carro, um bom ordenado e agora vais ser taberneira?!". e depois isso entra na nossa cabeça e parece que é a nossa verdade. ora, a minha verdade é bem mais do que isso.
este sonho já foi abortado vezes demais e desta vez eu vou dar à luz. custe o que custar, leve o tempo que levar.
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Belinda Sobral